Quinta Ação de Aprendizagem



AULA PRESENCIAL COM A PROFESSORA MÁRCIA AMBRÓSIO: DA EXPECTATIVA AO CONHECIMENTO CONSTRUÍDO

Desde o início do semestre já sabíamos que teríamos uma aula presencial com a Professora Márcia Ambrósio. Como em um curso a distância o contato com nossos professores são raros e, principalmente pela característica dinâmica da Professora, esse encontro criou diversas expectativas, dentre as quais a oportunidade de construir conhecimento merece amplo destaque. Desse modo, aguardamos a data marcada em 06 de julho de 2013,  dirigimo-nos ao Polo de Apoio Presencial de Araguari, onde a Coordenadora Márcia Sakai Hiromi Vidal e a equipe de tutores prepararam um ambiente receptivo e descontraído. Os estudantes também colaboraram trazendo quitandas típicas de nossa cidade para o coffe nique. O local estava lindamente decorado com a temática junina; havia mesas no corredor onde foram colocadas as quitandas para o café. No interior da sala, além dos equipamentos eletrônicos utilizados para a projeção de slides da aula, havia uma mesa com materiais trazidos pela professora, exemplares do livro "O uso do portfólio no ensino superior” de sua autoria e um pôster de divulgação do mesmo.
Estavam presentes os estudantes do 6º e 8º períodos do curso de Pedagogia, além de tutores e da Professora Márcia e sua família. Após momentos de descontração e bate-papo informal entre os presentes, a Professora deu início à aula, solicitando o registro da aula com câmeras. Nesse sentido, chamou a atenção dos presentes para o uso da fotografia, tema discutido no livro "O uso do portfólio no ensino superior”. Para Ambrósio (2003, p. 124) a fotografia pode ser uma forma de avaliação e também um recurso de imortalizar momento. Nesse sentido, a Professora chamou-nos a atenção para o papel do fotógrafo, que apesar de não aparecer na foto, está presente, pois é o seu olhar que se revela na fotografia. O ângulo, a escolha da cena, o momento exato de registro, são decisões do fotógrafo, por isso, mesmo ausente ele se faz presente. Interessante como essas questões nos passam despercebidas no cotidiano e o registro da fotografia pode ser um ótimo recurso para trabalhar a identidade e auxiliar os estudantes a construírem uma autoimagem positiva de si mesmo.
Possibilitar as oportunidades de construção do conhecimento é papel do professor e isso nos remete à importância da relação pedagógica no ensino e aprendizagem, que para Dalben é a “relação de comunicação em que os sujeitos interagem e criam vínculos de sentidos e significados entre si, presentes no conjunto dos conteúdos sociais produzidos na interação”.  Esse conteúdo foi bastante discutido e levou-nos a refletir sobre os limites e possibilidades da relação professor/estudante e principalmente sobre o seu reflexo no ensino e aprendizagem, pois a “relação pedagógica se estabelece numa dinâmica interativa em que os conhecimentos são comunicados e elaborados pelos envolvidos, permitindo movimentos mútuos e complementares de ensino e aprendizagem” (DALBEN, sd).Também tivemos a oportunidade de refletir sobre o processo de ensino e as implicações e influências nesse processo, como a escola tecnicista, que vislumbrava o estudante como um depositário de técnicas, as quais deveriam ser apreendidas e reproduzidas. Nesse período, a prática pedagógica era controlada, padronizada,  assim como o supervisor controlava o trabalho na fábrica. Lembrando que a relação pedagógica é construída a partir da intensa interação entre sujeitos no espaço formal da escola e, nesse processo, o conhecimento é construído pelos envolvidos, de maneira flexível, onde há cooperação e trocas que complementam o ensino aprendizagem, a explicação da Professora Márcia sobre a relação pedagógica tradicional e tecnicista instigou-nos à reflexão: a escola realmente tem mudado?
Sob esse clima de reflexão, a Professora continuou a abordar o conteúdo sobre a relação pedagógica, ensino e aprendizagem, sempre com muita responsabilidade e domínio do assunto. Embora buscasse descontrair o ambiente, com exemplos vivenciados em sua prática, o conteúdo abordado era continuamente tratado com notório domínio e enriquecido com a participação de alguns estudantes.
Com uma proposta metodológica inovadora, a professora demonstrou a importância de valorizar o processo de construção do conhecimento, sendo que para que isso ocorra, faz-se necessário “a criação de uma prática didática em que os sujeitos da aprendizagem tragam ideias para o desempenho ensino-aprendizagem” (AMBRÓSIO, 2013, p. 37). Nessa perspectiva, levantou algumas críticas a respeito de práticas pedagógicas que seguem uma padronização, podendo ser por livro didático ou atividades xerocadas. A despeito dessa prática ainda ser comum, Ambrósio (2013, p.37) alerta que é necessário criar “uma relação pedagógica e uma organização do trabalho que desenvolvam uma prática didática em que os sujeitos da aprendizagem tragam ideias para o desempenho ensino-aprendizagem”. Ou seja, o professor deve ter consciência da diversidade de seus estudantes e, em um ambiente onde a heterogeneidade de sujeitos é marcante, não é possível padronizar a prática, pois o método que funciona para alguns, pode não funcionar para outros. Sendo preciso alterar a prática, torna-se necessário também mudar o método de avaliação, já que de nada adianta realizar projetos dinâmicos e participativos, onde o estudante constrói e vivencia o conhecimento, se depois for cobrada a reprodução o conteúdo como está no livro didático. Neste sentido, apresentou e ressaltou o uso do portfólio como recurso de avaliação. Nessa temática, destacou as características, conceito e contextualização do portfólio, que pode ser concebido como:

Ferramenta pedagógica para uma coleção organizada e planejada de trabalhos produzidos pelo(s) estudantes, ao longo de um determinado período de tempo, de forma a poder proporcionar uma visão alargada e detalhada da aprendizagem efetuada bem como dos diferentes componentes do seu desenvolvimento cognitivo, metacognitivo e afetivo (AMBRÓSIO, 2013, p. 24).

Como uma alternativa de avaliação, o portfólio difere da prova operatória, uma vez que essa valoriza o resultado e não o processo. Esse resultado é mensurável e na maioria das vezes não é discutido com os estudantes, configurando assim uma avaliação com um fim em si mesma, cujo resultado é a nota final. De acordo com Dalben (1998:58, apud AMBRÓSIO, 2013) o uso de notas “representam a expressão simbólica desses processos. Traduzem na verdade, as suposições sobre o desempenho dos alunos, não representando concretamente a performance deles ou as suas aquisições reais” (grifo da autora). Considerando essa ponderação e as demais reflexões propostas pela Professora Márcia, é possível concluir que é preciso mudar o processo, discutir o erro, replanejar e reestruturar a avaliação, para que essa seja um contribuinte da construção do conhecimento e não um fim em si mesmo, ou seja, buscar uma avaliação de maneira processual, formativa. (AMBRÓSIO, 2013, p.24)
A proposta de utilizar o portfólio como recurso avaliativo está relacionado a todo o conhecimento construído durante o curso de Pedagogia, especialmente nas disciplinas de Ensino e Organização do Trabalho Pedagógico I e II. Através dos materiais disponibilizados pela Professora Márcia Ambrósio, incluindo textos, vídeos e atividades propostas, foi possível dimensionar a responsabilidade do professor com a sua prática pedagógica, principalmente em relação à importância de uma reflexão sobre a mesma e da necessidade de se estabelecer uma nova relação pedagógica com o conhecimento (AMBRÓSIO, 2013, p. 40). Além do material já citado, não é possível desconsiderar a própria postura da Professora, que de maneira ousada, nos proporcionou experiências inovadoras de avaliação e, de modo desafiador nos incentivou a construir e apresentar projetos de trabalho de modo investigativo e como resultado de pesquisa e planejamento. Destarte, a proposta do uso do portfólio como avaliação e o conhecimento que estamos construindo a partir desse encontro e da leitura/estudo do livro, representa o fechamento de um ciclo (e certamente a abertura de novos) que se iniciou com a disciplina de Ensino e Organização do Trabalho Pedagógico I e que está sendo aprimorado no momento e muito contribuirá para a nossa prática docente. Por tudo isso, só é possível agradecer a grandiosidade do encontro, o qual deixou saudades pelo momento de aprendizagem, de descontração, pelo show da colega Letícia, que com maestria nos mostrou o som encantado do berrante e seus significados, que embora faça parte de outra realidade, tem tudo a ver com nossa vida cotidiana, com  o fazer pedagógico, que exige de cada profissional, a sua dedicação, envolvimento e responsabilidade. Somos todos constituintes de um mesmo mundo, onde há tantas diferenças e, mais que saber respeitar, é preciso valorizá-las e o uso do portfólio como recurso avaliativo nos mostra exatamente isso: uma vastidão de possibilidades para o registro avaliativo, que vai além de obter um resultado final, mas abrange planejamento, flexibilidade, análise e revisão.  Por englobar essas características, o portfólio pode contribuir com a melhoria da educação, uma vez que exige do professor um planejamento flexível, análise, revisão e reformulação. Em relação aos estudantes, os benefícios também são amplos, pois a reunião dos trabalhos produzidos  em um portfólio permite o acompanhamento do progresso, a revisão dos objetivos e a análise/reflexão dos resultados, em conjunto com seu professor, além de possibilitar o exercício da criatividade,  valorização da diversidade e propiciar mecanismos para a autoavaliação, que certamente é um mecanismo muito importante na ação/reflexão da construção do conhecimento.
Logo, o portfólio pode colaborar com a melhoria da qualidade da educação por contribuir com a formação de sujeitos mais críticos, criativos e conscientes de seu papel na sociedade.

Referências:
AMBRÓSIO, Márcia. O uso do portfólio no ensino superior. Petrópolis:Vozes, 2013.(Capítulo 2 e 3)

DALBEN, Ângela Imaculada Loureiro de Freitas. A relação pedagógica. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.asp?id_projeto=27&ID_OBJETO=32404&tipo=ob&cp=000000&cb> acesso em 24. 07.2013

C) AUTOAVALIAÇÃO FORMATIVA DA OBSERVAÇÃO
 Comente a importância desta ação de aprendizagem para sua formação como pedagogo/a?
AUTOAVALIAÇÃO FORMATIVA DA OBSERVAÇÃO
Participar da aula presencial ministrada pela professora Márcia Ambrósio foi uma experiência muito importante para a minha formação profissional. Em conformidade com a metodologia inovadora que a Professora nos propôs durante todo o curso, a aula veio confirmar a necessidade de refletir sobre a relação pedagógica. Nesse sentido, fazer uma análise reflexiva da prática pedagógica é imprescindível ao educador, uma vez que esse mecanismo possibilita uma autoavaliação e avaliação do planejamento e da ação, para que, a partir disso, seja possível reformular, adaptar e flexibilizar a ação pedagógica, tendo em vista propiciar aos estudantes, melhores condições para a construção do conhecimento.
Através da aula da professora Márcia foi possível compreender melhor a importância de uma avaliação que seja pautada no processo e não apenas no resultado. A explanação da Professora Márcia Ambrósio sobre o uso do portfólio como recurso avaliativo, bem como o suporte teórico que o livro “O uso do portfólio no ensino superior”[1] são de extrema importância para respaldar a minha atuação enquanto pedagoga, uma vez que me oferece subsídios teóricos para tomar decisões conscientes e avaliar com mais precisão o meu planejamento.
Desse modo, avalio a minha participação no encontro presencial como muito positiva. Foi uma experiência gratificante que certamente não será esquecida, pois me possibilitou, além de conhecer a Professora Márcia, construir novos conhecimentos e reafirmar ainda mais meu compromisso com uma relação pedagógica voltada para a participação ativa do estudante, com uma avaliação democrática, que mais que resultado, valoriza o processo de construção do conhecimento.
O encontro presencial foi realmente gratificante. Uma oportunidade rica de interação com a Professora Márcia, tutores e colegas. Sendo assim, só é possível agradecer à Professora, por tudo o que nos proporcionou e principalmente por não sair de um curso superior sem viver essa experiência.



[1] AMBRÓSIO, Márcia. O uso do portfólio no ensino superior. Petrópolis: Vozes, 2013.(

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